sexta-feira, 20 de novembro de 2020
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
Rembrandt - Gênio das artes - exemplo de artista protestante
Aula de Anatomia do Dr. Tulp, 1632 -Por Rembrandt - Info : Image, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=4450149
A Ressurreição (1636-1639) - Por Rembrandt - www.uni-leipzig.de : Home : Info : Pic, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=8470815
Rembrandt é um dos maiores gênios das artes em todos os tempos. Pintor e gravurista, ele é o maior nome da fase de ouro das artes na Holanda no século XVII. Suas obras têm diversos temas - cenas do cotidiano e sacras, retratos, além de autorretratos.
O Pintor holandês, serve a nós, protestantes, como parâmetro de como pode-se fazer arte em nosso meio. Em "Aula de Anatomia do Dr. Tulp", percebemos além da sua exuberante técnica da cor e da luz, um tema totalmente ligado à ciência. Nada mais laico e expressivo da arte.
Em "A Ressurreição", a mesma genialidade num tema da maior expressão para o cristianismo, sem que houvesse nenhuma motivação de adoração à obra ou a Deus por intermédio dela. Trata-se de arte. O mesmo comportamento pode ser visto nas suas inúmeras obras com o mesmo tema.
Visite o site Google Arts & Culture e conheça a variedade e exuberância da obra de Rembrandt e lembre-se que ele era protestante. Inspire-se.
Rembrandt no Google Arts & Culture
sábado, 7 de novembro de 2020
Arte no Templo de Salomão.
São muitas as condenações na palavra de Deus à adoração a outros deuses e a imagens. Não há nenhuma dúvida quanto a isso. Neste sentido, quero trazer para nosso entendimento mais uma passagem bíblica que envolve arte, adoração e idolatra.
Já vimos que o próprio Deus orientou Moisés sobre como fazer a Tenda do Encontro e a Arca do Senhor com cada detalhe e ainda capacitou Bezalel e Aoliabe como seus artífices para trabalharem em ouro, prata, pedra e madeira juntamente com outros ajudantes.
Vimos também que antes dos trabalhos começarem, enquanto Moisés estava no monte, um bezerro de ouro foi construído pelo povo de Israel para adoração, em frontal oposição ao que diz o Senhor. E somente após o povo se arrepender desse ato e da destruição dessa obra de idolotaria, foi possível erguer a tenda e construir a arca.
Essa mesma Arca da Aliança ficou longe do povo de Israel após ter sido levada pelos Filisteus como espólio de guerra. Ela retornou à Jerusalém na época de Davi e somente com Salomão foi construído um templo para o Senhor – o Templo de Salomão.
A construção desse Templo, assim como na Tenda do Encontro, também contou com a participação de artistas e teve atenção especial com detalhes criativos, o que demonstra o cuidado do Senhor para com esse tema. Mas nunca como forma de adoração ao que se fazia, ou meio de adoração a Deus e, em hipótese alguma a outros deuses.
A responsabilidade artística ficou a cargo de Hirão-Abiu. E quem foi esse homem, de onde ele veio e o que isso tem a ver com o que temos falado?
Em 2 Crônicas 2:14 temos acerca de Hirão-Abiu: “Filho de uma
mulher das filhas de Dã, e cujo pai foi homem de Tiro; este sabe trabalhar em
ouro, em prata, em bronze, em ferro, em pedras e em madeira, em púrpura, em
azul, e em linho fino, e em carmesim, e é hábil para toda a obra do buril, e
para toda a espécie de invenções”
Hirão- Abiu fora enviado à Salomão pelo Rei Hirão, de Tiro (cidade
Feníncia) que era aliado e amigo de Davi e Salomão. Em Tiro, adorava-se a outros
Deuses e Hirão-Abiu era meio descendente de uma das tribos de Israel, ou seja,
não era um homem do povo de Israel.
A história de Salomão é conhecida por
todos os cristãos. Deus perguntou-lhe o que gostaria de receber e a escolha foi
por sabedoria. Salomão reinou por muitos anos com sabedoria, no entanto,
deixou-se seduzir por muitas mulheres e por causa de algumas delas entregou-se
à idolatria à Astarote, Milco e Quemós, tendo inclusive erguido altares a essas
divindades que eram adoradas na Cidade
original de Hirão-Abiu – Tiro. (I Reis 11:1-8)
A Tribo de Dã também acabou marcada pela idolatria. O Rei
Jeroboão ergueu nesse lugar um Bezerro
de ouro “E pôs um em Betel, e colocou o outro em Dã. E este feito se tornou em
pecado; pois que o povo ia até Dã para adorar o bezerro” (1 Reis 12: 29-30). Há
quem defenda a tese de que a tribo de Dã ficou fora dos que foram selados pelo Deus Vivo em Apocalipse 7 por
causa desse erro.
Hirão- Abiu faz parte ainda de um rito maçônico cercado de
controvérsia que este texto não pretende abordar, mas apenas registrar para que percebamos a consequênica da idolatria.
A essa altura, você deve estar pensando que foi um erro ter
deixado uma pessoa estranha a Israel realizar obras no Templo e que consiste
num pecado ter erguido algo em beleza para que Deus fosse adorado. Não é o que diz a palavra em 1 Reis 9:3-7.
Após a conclusão do Templo disse o Senhor a Salomão:
“Ouvi a
tua oração, e a súplica que fizeste perante mim; santifiquei a casa que
edificaste, a fim de pôr ali o meu nome para sempre; e os meus olhos e o meu
coração estarão ali todos os dias. E se tu andares perante mim como andou Davi, teu
pai, com inteireza de coração e com sinceridade, para fazeres segundo tudo o
que te mandei, e guardares os meus estatutos e os meus juízos. Então
confirmarei o trono de teu reino sobre Israel para sempre; como falei acerca de
teu pai Davi, dizendo: Não te faltará sucessor sobre o trono de Israel; Porém, se vós e vossos filhos de qualquer
maneira vos apartardes de mim, e não guardardes os meus mandamentos, e os meus
estatutos, que vos tenho proposto, mas fordes, e servirdes a outros deuses, e
vos prostrardes perante eles, Então destruirei a Israel da terra que lhes dei;
e a esta casa, que santifiquei a meu nome, lançarei longe da minha presença; e
Israel será por provérbio e motejo, entre todos os povos”.
Deus viu o bem no templo erguido. Não houve repreensão ao que havia sido feito inspirado por Deus e não era objetivo de adoração. Os pçrobelams decorreram do erros do homem.
No entanto, como podemos observar no mesmo trecho, Deus já havia alertado quanto ao risco de erros que poderiam colocar tudo a perder. E se perdeu: O templo, a arca e a unidade do reino.
Faço essas considerações para voltar a defender que a arte vem de Deus, assim como tudo. Mas nada está livre de ser pedido. É preciso fazer arte e estar em sintonia com Deus. O que fluirá das suas mãos, corpo e voz refletirão o que preenche o seu coração.
Por fim, lembro que estamos tratando ainda da época da Lei. Mesmo sabendo que tudo nela aponta para Jesus, depois da vinda dEle, veremos que essa história ganha outros elementos. Veremos isso adiante.
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
O Choro dura uma noite.
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
No 31 de Outubro, ao lembrar a Reforma de Lutero, O Grito de Edvard Munch.
Por Edvard Munch - Google Art Project, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=37624942
Na última sexta-feira, dia 31 de outubro, os protestantes mais uma vez lembram o ato de Lutero que inaugurou a Reforma que mudou o cristianismo no mundo.
Em 2017, nos 500 anos do anuncio das 95 teses de Lutero, dei uma Palestra na Escola de Museologia da UNIRIO acerca da influência da Reforma na cultura ocidental.
Foi uma das experiências mais marcantes da minha vida. Havia muito pouco tempo em que eu iniciara os estudos sobre esse tema e estava diante de um público majoritariamente ateu e que analisa a arte eminentemente do ponto de vista científico, o que é natural do ambiente acadêmico.
Ao se Falar de arte e cristianismo no meio acadêmico geralmente são lembradas as contribuições de mestres ligados à Igreja Católica até o renascimento e o barroco, a iconoclastia protestante e a aproximação de artistas e burgueses em países reformados. Esse é o censo comum, exceto nos cursos ligados à cultura, onde o tema merece atenção maior, ainda que esteja na periferia do interesse acadêmico.
A partir daí, o que se apresenta de maneira muito consolidada é a convicção do descolamento de fé e arte. No século 19, predominou entre intelectuais e na academia um esforço para que esse descolamento fosse irreversível e definitivo. Fruto de um processo iniciado no Renascimento, acentuado no Iluminismo e em muito alimentado por erros das Igrejas ao longo dos séculos anteriores que diziam muito sobre o que essas instituições faziam e muito pouco sobre o que Jesus ensinou. O que ainda pode-se perceber é a referência de rituais e símbolos de religiões orientais atuais ou de povos antigos nas representações artísticas de autores ocidentais contemporâneos. Algumas vezes com certa reverência, mas via de regra sem nenhuma relação de fé.
O Final do século XIX anunciou um novo século em que as religiões perderiam muito espaço, principalmente na Europa. Com isso, a razão e a ciência seriam os caminhos naturais e obrigatórios para qualquer análise. Em pouco tempo, o mundo passou a conviver com o anúncio feito Friedrich Nietzsche de que Deus estava morto, com Freud tendo colocado as religiões judaico-cristãs na base dos complexos e traumas da humanidade e o marxismo tendo eleito as religiões como inimigas da classe operária. Ou seja, a filosofia, a psicanálise e a sociologia tinham colocado no campo das piores coisas da humanidade a fé cristã.
Voltando à minha palestra em 2017, apesar de estar entre muitos colegas queridos, o ambiente não era muito animador. Pra piorar, o meio cultural brasileiro havia sido sacudido pela oposição de igrejas à exposição Queermuseu: Cartografia da Diferença na Arte Brasileira, sob a acusação da mostra ser um incentivo à pedofilia, zoofilia e blasfêmia.
O formato proposto para a palestra não permitia uma tempo muito grande para apresentação. Preparei um material, produzi um vídeo com cenas do filme sobre a vida de Lutero e fui para Universidade, onde dividiria a fala com um colega do Museu onde trabalho.
Eu estava apreensivo e me sentia inseguro, mas a primeira parte da apresentação fluiu bem. No entanto, na medida em que eu ia falando e tentando seguir um roteiro o mais laico possível, olhava para a plateia, percebia as feições das pessoas e as ideias me fugiam ao senso da razão. Falavam mais forte em mim as motivações subjetivas da fé.
Como dizer a eles o que eu acho que Deus fez e tem a fazer no campo das artes, sem gerar um ambiente hostil? Os argumentos fugiam da minha mente e a minha vontade era dizer um monte de coisas que não saíam. Terminei a apresentação praticamente lendo o que eu projetava, sem conseguir desenvolver nada além daquilo.
Não foi dos meus melhores momentos em público, mas acho que o principal objetivo que eu traçara havia sido alcançado. Eu queria dar o primeiro passo e dei e fazer esse debate aparecer na Universidade em que estudei.
Transcorridos três anos desde a Palestra, eu entendo melhor o que aconteceu naquele dia. Eu comecei meus estudos buscando as influências da Reforma na Cultura e me deparei com o espaço em que Deus havia sido tirado de cena e eu tentava mostrar onde ele estava. Fazia um esforço enorme para buscar justificativas racionais, históricas e científicos para algo que é sobrenatural e inexplicável muitas das vezes.
Evidentemente, é preciso estudar e buscar as causas desse afastamento e trazer ao debate as consequências da Reforma para a Cultura. No entanto, justamente no último dia 31 de outubro fui tocado profundamente ao ler um texto enquanto estudava a vida do artista expressionista norueguês Edvard Munch – um dos gênios da pintura universal, nascido e criado em família protestante e cuja obra reflete as angústias humanas entre séculos XIX e XX.
O texto é de Paul Tillich, teólogo protestante e Filósofo da Religião, e está no seu livro – A Coragem de Ser. Ele diz que no final da Antiguidade, as pessoas estavam tomadas pela ansiedade da morte pela fome, doenças e guerras. No final da Idade Média, após anos de opressão religiosa, a ansiedade das pessoas era baseada na culpa. Em meados do século XX, segundo Tillich as pessoas estavam espiritualmente ansiosas pela falta de sentido em suas existências.
O Teólogo talvez não imaginasse em que condições a humanidade chegaria aos anos 20 do século XXI. Depressão, psicopatias graves, suicídios, incertezas, desigualdades, violência, fome, miséria, guerras e intolerância tomam conta da vida das pessoas, sem que elas consigam identificar uma razão para suas existências.
O homem não venceu a morte. A fome, a guerra e a miséria não param de crescer. O homem não perdeu o sentimento de culpa e não conseguiu encontrar nenhuma resposta para sua existência nas soluções que ele criou ao “matar o Deus espiritual” e ter levantado um altar para razão.
Revejo biografias de artistas desde o final do século XIX perdidos em suas angústias. Muitos que ultrapassaram todos os limites do sofrimento existencial e físico só tiveram reconhecimento muito depois de sua morte. As análises desse sofrimento passaram pelas reflexões da Indústria Cultural, pelo complexo mundo da psicanálise e pela teoria da história da arte. Todas indispensáveis. Mas muito pouco, ou quase nada sobre a alma desses jovens artistas. Muitos buscaram a metafísica, religiões de outras culturas e drogas, como se o Deus Cristão lhes fosse proibido. Buscá-lo era quase uma afronta à arte.
Ao opinar sobre um possível retorno da relação arte e fé (especialmente a fé cristã), Theodor Adorno, filósofo da respeitada Escola de Frankfurt, rechaçou e essa hipótese de maneira enfática no artigo “Teses sobre religião e arte”. Sua posição, mais que uma constatação, estava envolta numa torcida para que isso nunca mais pudesse ocorrer.
Este é um tema que não se esgotou está colocado diante dos artistas e estudiosos da arte que confessam a fé cristã. Creio que fé, Cristo e arte ainda terão muito a dizer aos corações inquietos desse século.
ADORNO, Theodor. Teses sobre Religião e Arte. Marxists, 2018. Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/adorno/ano/mes/teses.htm>. Acesso em 02/11/2020
TILLICH, Paul.A coragem de Ser. São Paulo: Paz e Terra, 1976.