quinta-feira, 16 de julho de 2020

O Brasil Colonial e Imperial contado, pintado e registrado por artistas protestantes.




A história do Brasil registra a tensão do período colonial quando os Portugueses enfrentaram diversas invasões e ocupações realizadas por estrangeiros. Além disso, diversos viajantes, aventureiros e  estudiosos estiveram por aqui para conhecer o novo mundo americano.

Neste cenário, destacam-se ações de franceses e holandeses.  Em 1550, liderados por Villegagnon, os franceses fundaram na atual região da cidade do Rio de Janeiro a França Antártica e em 1637, o holandês Maurício de Nassau  chegou ao Brasil e iniciou um longo período de ocupação de vastos territórios do nordeste brasileiro.

Esses são episódios estudados na escola desde as primeiras aulas de história do Brasil, quando  nos são apresentados  escritores e artistas que registraram nossa paisagem, fauna, flora e costumes.

Os nomes são conhecidos: Frans Post, Rugendas, Jean de Lèry, Hans Staden e Theodore de Bry, por exemplo. No entanto, pouco se desataca o fato de que todos eram protestantes.

Não pretendo aqui fazer proselitismo e mera exaltação da religião dessas personalidades da nossa história. O que considero relevante é destacar que as convicções culturais, científicas  e sociais alicerçadas num ambiente Reformado  conferiram a esse conjunto de artistas e intelectuais condições de  interagirem com os fatos do seu tempo de forma tão criativa e sensível..

Do ponto de vista da minha fé, eu também creio que tenha havido da parte de Deus inspiração e a condução dessas pessoas em suas ações artísticas no Brasil. Creio ainda que esse desafio esteja colocado para nós, cristãos do Sec. XXI, quando a humanidade vive enormes transformações culturais.

Frans Post foi o primeiro artista a pintar paisagens brasileiras. Ele era protestante e teve a companhia do também holandês Albert Eckhout que retratou índios, fauna, flora e costumes do Brasil do Sec. XVII. Em que pese o fato de não termos convicção de qual era a religião de Eckhout, sua formação ocorreu em condições semelhantes a de Post.


Por Frans Post - foto do quadro do acervo da Fundation Maria Luisa 
and Oscar Americano fornecida por email para user:Jurema Oliveira, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=34520


Por Albert Eckhout - scanned from the book Albert Eckhout: 
een Hollandse kunstenaar in Brazilië ISBN 9040089299, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=46653

Hans Staden foi um aventureiro alemão que esteve no Brasil por duas vezes e numa delas foi prisioneiro dos índios Tupinambás. Ele  relatou  no seu livro ”Duas Viagens ao Brasil” como Deus o livrou de ser canibalizado pelos índios. Anos mais tarde, Theodore de Bry  ilustrou seu livro e  os relatos e imagens  de ambos ganharam a Europa que era ávida por notícias do novo continente. A obra é tão importante que serviu de inspiração para o manifesto Antropofágico dos Modernistas da Semana de Arte Moderna de 1922.


https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Theodor_de_Bry_-_Canibais.jpg

De Bry ilustrou ainda o relato de outro protestante, o francês  Jean Lery que integrou a comitiva de calvinistas enviados ao Brasil pelo próprio Calvino para ajudar na implantação da França Antártica.   A passagem de Lèry ao Brasil foi marcada por perseguições aos protestantes que resultou na condenação e execução de pastores e crentes no caso que ficou conhecido como os Mártires da Guanabara. Tudo isso apenas 50 anos depois do descobrimento do Brasil.



www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/518724

No Sec. XVII, Rugendas foi outro artista protestante a registrar a vida no Brasil. Sua obra é determinante para a iconografia do povo e da sociedade brasileira.


Por Johann Moritz Rugendas - Obra do próprio, 
Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=48446633

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