A história do Brasil registra a tensão do período colonial quando os Portugueses enfrentaram diversas invasões e ocupações realizadas por estrangeiros. Além disso, diversos viajantes, aventureiros e estudiosos estiveram por aqui para conhecer o novo mundo americano.
Neste cenário, destacam-se ações de franceses e holandeses. Em 1550, liderados por Villegagnon, os franceses fundaram na atual região da cidade do Rio de Janeiro a França Antártica e em 1637, o holandês Maurício de Nassau chegou ao Brasil e iniciou um longo período de ocupação de vastos territórios do nordeste brasileiro.
Esses são episódios estudados na escola desde as primeiras aulas de
história do Brasil, quando nos são apresentados escritores e artistas que registraram nossa
paisagem, fauna, flora e costumes.
Os nomes são conhecidos: Frans Post, Rugendas, Jean de Lèry,
Hans Staden e Theodore de Bry, por exemplo. No entanto, pouco se desataca o
fato de que todos eram protestantes.
Não pretendo aqui fazer proselitismo e mera exaltação da religião dessas personalidades da nossa história. O que
considero relevante é destacar que as convicções culturais, científicas e sociais alicerçadas num ambiente Reformado conferiram a esse conjunto de artistas e
intelectuais condições de interagirem
com os fatos do seu tempo de forma tão criativa e sensível..
Do ponto de vista da minha fé, eu também creio que tenha havido da
parte de Deus inspiração e a condução dessas pessoas em suas ações artísticas no Brasil. Creio
ainda que esse desafio esteja colocado para nós, cristãos do Sec. XXI, quando a
humanidade vive enormes transformações culturais.
Frans Post foi o primeiro artista a pintar paisagens
brasileiras. Ele era protestante e teve a companhia do também holandês Albert
Eckhout que retratou índios, fauna, flora e costumes do Brasil do Sec. XVII. Em
que pese o fato de não termos convicção de qual era a religião de Eckhout, sua
formação ocorreu em condições semelhantes a de Post.
Por Frans Post - foto do quadro do acervo da Fundation Maria Luisa
and Oscar Americano fornecida por email para user:Jurema Oliveira, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=34520
Por Albert Eckhout - scanned from the book Albert Eckhout:
een Hollandse kunstenaar in Brazilië ISBN 9040089299, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=46653
Hans Staden foi um aventureiro alemão que esteve no Brasil por duas vezes e numa delas foi prisioneiro dos índios Tupinambás. Ele relatou no seu livro ”Duas Viagens ao Brasil” como Deus o livrou de ser canibalizado pelos índios. Anos mais tarde, Theodore de Bry ilustrou seu livro e os relatos e imagens de ambos ganharam a Europa que era ávida por notícias do novo continente. A obra é tão importante que serviu de inspiração para o manifesto Antropofágico dos Modernistas da Semana de Arte Moderna de 1922.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Theodor_de_Bry_-_Canibais.jpg
De Bry ilustrou ainda o relato de outro protestante, o francês
Jean Lery que integrou a comitiva de calvinistas
enviados ao Brasil pelo próprio Calvino para ajudar na implantação da França
Antártica. A passagem de Lèry ao Brasil
foi marcada por perseguições aos protestantes que resultou na condenação e
execução de pastores e crentes no caso que ficou conhecido como os Mártires da Guanabara.
Tudo isso apenas 50 anos depois do descobrimento do Brasil.
www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/518724
No Sec. XVII, Rugendas foi outro artista protestante a registrar
a vida no Brasil. Sua obra é determinante para a iconografia do povo e da
sociedade brasileira.
Por Johann Moritz Rugendas - Obra do próprio,
Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=48446633
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