quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Chay Suede falou ao O GLOBO sobre sua fé em Cristo e religião. Depoimento muito importante para artistas cristãos.






Você é religioso, seu avô era pastor, parte da sua família é presbiteriana, a outra, pentecostal. Sente que há um preconceito contra evangélicos? Quando você conta ser evangélico as pessoas se surpreendem?

Nunca senti, o que não significa que não exista. Criança, eu vivia num circuito cristão, minha realidade era muito mais evangélica do que não evangélica. Eu estudava num colégio batista. Hoje, não digo que sou evangélico justamente porque essa palavra isolada traz consigo muitas coisas que eu não gostaria que fossem uma primeira impressão sobre mim. Não estou falando sobre o Evangelho de Cristo, porque esse eu gostaria que estivesse em primeiro plano na minha vida e que, quando as pessoas me conhecessem, tivessem contato com o ele fez e ensinou.

Mas não uso o rótulo evangélico justamente por fatores estéticos, pelo que ele traz consigo e por causa do trabalho que dá para desfazer a confusão. Prefiro dizer que sou cristão, que busco aprender com o Evangelho de Cristo. É isso que me movimenta no mundo espiritual. É a partir da ótica de Cristo que enxergo as outras pessoas. Não tem nada a ver com o que essa denominação acabou significando nos últimos anos.

Você se refere à corrente batizada de neopentecostal, que costuma ter bastante representação polítíca?

Justamente. Essa escalada do neopentecostalismo no Brasil, que vem desde o final de 1980 até hoje. Ela é uma história de início, meio e fim. E a gente está perto do fim, eu espero. Sempre foi uma trajetória de poder que vi acontecer de perto por ser do meio evangélico. Prefiro acreditar que a maior parte dos evangélicos não está de acordo com uma minoria barulhenta.

Quando falo que meia dúzia de ratazanas roubaram o rótulo do que é ser evangélico e o sujaram, não significa que ser evangélico tenha caído em desprestígio no meu ponto de vista. Ao contrário. Quem está disposto a viver o Evangelho de verdade e aprender com os ensinamenos de Jesus abomina essa escalada religiosa, que também é política, e tudo que vem com ela e nada tem a ver com ser cristão.

Essa escalada autoritária sustentada pelo neopentecostalismo, pela intolerância que isso gera, não resume o que é ser evangélico no Brasil. Não generalizar é um cuidado que sempre tenho e um esforço que as pessoas poderiam fazer. Não os trataria como inimigos só porque uma minoria que fez barulho nos últimos anos chamam atenção e usurparam esse rótulo.

Há neopentecostais que falam em nome de Deus na política. Um dos maiores conselheiros do atual presidente é o líder da Assembleia de Deus. Como você vê a mistura de religião e política?

De forma desastrosa como sempre foi, até mesmo para o cristianismo com o Constantino. Jesus não queria misturar nada, ele nunca sugeriu que isso fosse feito, pelo contrário. A sugestão dele era separar o que era de Cesar. Ainda que o povo semita naquela época, ali na Galileia, fosse massacrado e dominado pelo Império Romano, sem vontade nem direitos, ganhando menos, ainda sim ele deu essa dica: Resolve o que tem para resolver, o nosso assunto aqui é outro, é vida eterna".

# # #  Êxodo 31 apresenta a entrevista com objetivo de estimular o debate a que se destina esse Blog - as relações existentes entre, arte, artistas e a fé protestante. Como em outras postagens em que tratamos da vida de outros artistas, compreendemos que cada homem e mulher escreve sua história e ela evidencia sua trajetória profissional e cristã. Não há intenção nesta postagem de estabelecer juízo de valor sobre  o que afirma o artista. Nos importa destacar uma fala de artista dos mais talentosos do país e que tem expressado seu amor por Jesus. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário